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O Velho Ferreiro Divino e a Bruxa.

  • Foto do escritor: Cain Mireen
    Cain Mireen
  • 19 de dez. de 2024
  • 6 min de leitura
"Quanto a Zilá, ela também deu à luz Tubalcaim, o forjador de todos os instrumentos de bronze e ferro; e a irmã de Tubalcaim foi Naamá. " Gênesis 4:22

Oficio do Ferreiro é o trabalho de criar objetos "forjando" o metal com utilização de certas ferramentas como fole, a forja, bigorna e martelo cortando, dobrando e outras formas de molda o ferro. A Arte da ferraria é o trabalho mais antigo da humanidade quando o homem aprendeu a manipular e moldar os metais. Na idade média foi popular a imagem e o oficio do ferreiro da aldeia, ele era o responsável por praticamente todos os objetos e ferramentas de metal do feudo, do povoado e da vila foi também chamado de Forjador de Armas pois era a função dele fabricar e criar armas como espadas, lanças e machados que era utilizado pelos cavaleiros e homens do campo. O ferreiro tinha conhecimento de muitas coisas para consertar armas e armaduras desde dos mais complexos até coisas simples como prego ou corrente.
 
"O trabalho do ferreiro é todo sobre controle, compressão e alongamento. Ele requer quantidades extremas de calor, suor e esforço concentrado. O ferreiro prepara o minério bruto primeiro expondo-o a uma forja brilhantemente quente. As temperaturas extremas amolecem o metal. Quando atinge a maciez adequada, o metal é movido para a bigorna onde é batido e moldado conforme desejado, iniciando a interação entre forma e função, alcançando a resistência e o formato que o ferreiro deseja. O ferreiro observa o metal cuidadosamente para que ele amoleça, mas nunca derreta e, portanto, nunca  seja destruído. Este processo remove as impurezas do metal que o enfraqueceram anteriormente, deixando o produto final forte, durável e capaz do trabalho para o qual foi projetado. O calor e o martelo lascam os pedaços mais fracos do metal. Após uma série de rodadas de aquecimento e martelamento, o ferreiro eventualmente dará ao metal um mergulho refrescante na água, mas nunca antes que o trabalho esteja completo. "
The Anvil Stretch Courtney Weber

A Arte do ferreiro está ligado estritamente com a transformação do metal bruto em um metal refinado dando a expressão da alquimia exterior que pode sim também ser a visão para a alquimia interior, os aspectos, as ferramentas, os atos e simbologia são transportado para o Caminho do Oficio da bruxa, esse que torna um trabalhador da Forja, um Trabalhador de metais brutos para refinar a sua essência.
 

Tubal Cain na frente de sua forja. Andrea Pisano (1334-1336).


Um ferreiro martela um pedaço de metal em sua bigorna enquanto faz armaduras. Gravura de J. Godfrey segundo H. Leys.

A matéria corporal- mental do novato é o puro ferro bruto em seu estado não refinado, o desejo de pertencer a um caminho torna o buscador um ferro não forjado, um ferro não batido pelo martelo e um ferro que não passou no fogo da alquimia espiritual-divino da Arte. Quando o novato depara com o Caminho a seguir ele precisará ter o conhecimento que passará pelo processo de “Refinamento do Espirito e Sangue” como o processo da criação de uma espada. A Alquimia do Ferreiro é visto como a alquimia da transformação do bruto ferro ao refinado ferro pois o ferro em sí é a união de todos os elementos do Circulo da Arte; O Velho é conhecido como o Ferreiro Divino, Forjador do Sangue de Fada, o Artesão Espiritual são virtudes que Ele recebe quando surge com a Mascara celestial do "Senhor da Forja" pois ele molda o Espírito do buscador e é Ele que assumirá o Papel de Refinar o Espirito do Buscador.
 
O ferreiro Divino utilizará todas as ferramentas da sua forja para lapidar o ferro não - refinado do espirito do buscador, aqui temos que ter a verdade que o processo é doloroso como qualquer outro caminho de transformação pois o bater do martelo para refinar o estado bruto do espírito-conhecimento-sangue acontecerá. A ação do Ferreiro na vida do buscador é a manifestação espiritual - divino do Velho aos propósitos da Arte; ele aquecerá o Espírito do buscador na Lareira e realizará a alquimia em cima da bigorna o Altar do Ferreiro.
 
O Oficio do ferreiro, antigo modelador de metal e criador de armas e ferramentas, ele passou a ser visto como um agente mágico ligado a certas formas de tradições populares, alquimistas,  simbolismo esotérico, alquímico e espiritual; O ferreiro torna-se um agente folclórico de praticas mágicas e tudo ao seu redor receber um poder, uma sabedoria, uma virtude invisível de influencia que pode ser útil para certos conhecedores sábios do Caminho. Foi e ainda é alvo de superstições de cura, boa sorte e poder e ainda mais ser um “Intercessor Espiritual”. Pois o ferreiro não foi visto apenas como um artesão mas sim um respeitado mágico que manipular os elementos da criação água, terra, fogo e ar fazendo isso ele está profundamente ligado com as forças da natureza.
 
No ferreiro encontramos os mistérios da Fé, da Arte e do Oficio escondidos – ocultos nas ferramentas de trabalho que é representado na carta do Mago do Tarô, cada objeto é descrito na carta é uma representação da ferramenta da Arte ; a espada do ar, a varinha do fogo, o cálice da água e o pentaculo da terra.
 
Essas ferramentas — e, de fato, suas atribuições elementares — também podem ser encontradas refletidas na forja: o Ar é o que alimenta a forja, por meio do combustível oxigenado; a Água está contida no balde de têmpera, onde o ferreiro mergulha seus instrumentos forjados; o Fogo é o que arde no coração da forja, transformando os metais nela inseridos; e a Terra, é claro, é representada pelos próprios elementos metálicos, moldados pelas ferramentas do ferreiro e, de fato, por sua própria astúcia e poder.
 

Um design originalmente usado pelos primeiros ferreiros europeus na idade do ferro, a cruz de ferreiro foi redescoberta por Christoph Friedrich em uma escavação arqueológica na década de 1970. Ele reintroduziu a técnica e ela tem sido parte do ofício moderno de ferreiro desde então. Essas cruzes de ferreiro são forjadas à mão a partir de uma única barra de aço A36 com uma textura rústica martelada. Cada cruz mede aproximadamente seis polegadas por cinco polegadas. Acabamento com martelo na bigorna, escovado com arame e finalizado com óleo de amendoim enquanto quente. - Pinterest

Nas antigas sociedades , era temido as pessoas que tinha poder sobre algum elemento e não seria diferente com o ferreiro a sua arte e inteligência de manipular os elementos tinha como poder curar e amaldiçoar, ele só não podia restaurar a cura dos doentes e feridos mas também forjar armas mágicas como espadas e lanças como objetos apotropaicos (pequenos encantos de proteção) mas ele também podia matar e destruir; por isso que muitos da época prestigiava de grande poder, fama e respeito e que até uns eram suspeito de ter aliança com o próprio Diabo. O  conto popular mais antigo que existe pode muito bem ser O ferreiro e o diabo , que se diz ter se originado na Ásia Menor há pelo menos 7.000 anos. O conto se transformou e mudou por meio de inúmeras recontagens, mas o enredo clássico é assim: por meio de sua inteligência e astúcia, o ferreiro supera o diabo, fazendo-o revelar as artes secretas da fundição e da metalurgia, bem como aquelas artes de feitiçaria mais sombrias que evidentemente vêm com o território. 
 
O ferreiro era, de muitas maneiras, semelhante à própria bruxa. Os membros de seu clã vinham até ele em busca de curas, quando nem médico nem padre prevaleciam, e também para questões de magia, tanto branca quanto negra, incluindo sorte, proteção e saúde, bem como maldições, amarras e punições. Dizia-se também que o ferreiro curava os changelings (aqueles que sofriam de doenças ou possessões de fadas) e descobria a identidade de ladrões — principalmente aqueles que roubavam manteiga, uma mercadoria preciosa nos tempos pré-modernos. Nessas peculiaridades, vemos paralelos com a bruxa local ou o homem astuto e, de fato, o ferreiro também habitava os arredores da vila: um lugar liminar reservado universalmente para aquelas pessoas temidas e mágicas. 
 

Conto popular do Ferreiro e o Diabo.

 
"A bigorna do ferreiro o antigo caird ainda é um poderoso feitiço e parece ter possuído muitas das propriedades da pedra de maldição. A cerimônia de "girar a bigorna", como a cerimônia de "girar as pedras de maldição", não deve ser tentada levianamente; pois o ferreiro deve se levantar antes do sol, ir nu para sua forja, girar a bigorna nove vezes, golpeando-a com um número específico de golpes com seu trenó cada vez que a gira. Ele deve repetir isso por nove manhãs consecutivas, quando o resultado desejado, geralmente tempestades violentas ou azar para seu vizinho, é produzido. Felizmente, não há nada que torne a realização desta cerimônia fácil ou agradável; e, além disso, como o postulante deve manter um jejum rigoroso durante os nove dias, o encanto, como o uso das pedras de maldição, é até certo ponto protegido de travessuras impetuosas."
Traces of the Elder Faiths of Ireland; a Folklore Sketch; a Handbook of Irish Pre-Christian Traditions  - Wood-Martin

O buscador após passar pelo processo da ferraria tornando o seu espírito e sangue em um metal refinado ele torna-se também um ferreiro do Oficio, não como o trabalhador de metais criando armas e objetos; Mas ele torna-se o Ferreiro Espiritual capaz de alcançar a alquimia exterior através de suas criações como encantos, amuletos, pós e filtros . Existe uma linha divisória bem fina que separa o ferreiro da bruxa como dois praticantes folclóricos mágicos que conhecem os segredos e mistérios dos elementos, do espírito e do Outro Mundo. Assim como o ferreiro possui a sua forja, seu martelo e sua bigorna; a Bruxa possui a sua lareira como a sua bigorna o seu altar para criação de armas, encantos e talismãs; seu sangue de Fada reside no conhecimento e sabedoria do Oficio dado pelo Velho e pelos Espíritos Familiares e seu Poder Espiritual é visto na intenção firme.


O Diabo e a Bruxa.

Que o Ferreiro Divino abençoe a todos com a Astúcia.

Fonte:

Folk-Ore: The Magical Power of Blacksmiths and Their Enduring Stories | Folklore Thursday

Blacksmiths and the Supernatural | Irish Folklore

Biles, Mike (2018), 'The Legend of Wayland's Smithy', A Bit About Britain , https://bitaboutbritain.com/legend-waylands-smithy/ .

Briggs, Katharine (1993), A Fairy Dictionary: Goblins, Brownies, Boggarts, and Other Supernatural Creatures , New York: Pantheon.

Doyle, Eamon (2010), Tales from the Anvil: The Forges and Smiths of Wexford , Dublin: The History Press Ireland.

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