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A Deusa-Bruxa no Oficio Tradicional

  • Foto do escritor: Cain Mireen
    Cain Mireen
  • 11 de mai.
  • 5 min de leitura

A Deusa-Bruxa no Oficio Tradicional


No Oficio Tradicional, a Deusa não é apenas um símbolo de fertilidade ou de ciclos lunares: Ela é o próprio Mistério, a Noite Viva, o Véu que cobre e revela a Fonte de onde tudo nasce e para onde tudo retorna. Diferente das concepções simplificadas dos ramos tradicionais de bruxaria, a Deusa é uma presença mais antiga, mais sombria e mais selvagem. Ela é tanto Mãe quanto Ceifeira, tanto a encantadora dos campos quanto a Guardiã do Túmulo.

 

A Deusa-Bruxa é a Face Feminina da Natureza em suas diversas formas e aspectos que possa de algum modo apresentarem-se para os praticantes que desejam encontrar com ela; Assim como o Velho que possui a sua Face Iluminado como o Doador dos Mistérios da Vida e da Fertilidade e sua Face Escura como o Senhor da Morte, a Rainha Bruxa também possui a sua natureza dupla de faces que representa os poderes do Caminho; Ela é a Criadora Cósmica que toda vida emerge e por outro lado ela é a Fiandeira do Destino que concede o Fim da vida.

 

A Deusa-Bruxa é a Fonte Primordial da Vida, ela é a Mãe da Vida e da Morte, Senhora da Terra, do Sangue e do Útero. Muitas tradições de bruxaria que reconhecem a Deusa como a Matrona da Arte Feiticeira vai encontrar nela a Fonte de Toda a Vida como a Primeira Doadora dos Homens. Ela é múltipla, muitas máscaras é dada para; Pois ela se apresenta com muitos nomes e títulos.

 

Ela é a Grande Mãe, a Magna Mater, a geradora universal da vida. Ela é a Terra que pisamos o céu estrelado acima de nossas cabeças, também é tudo aquilo que existe além do mundo; ela é a Força Primordial da Natureza; Ela está conosco no inicio da vida e também ela é aquela que deitará conosco na morte. Ela é o Destino, ela é essa força que as bruxas tanto comungam nos atos de magia e bruxaria, o Destino.

 

A Rainha Branca é a Tecelã do Destino, ela é a Mulher que mantém os Fios da Vida em perfeita tecelagem, tecendo o retalho da vida de todos os homens, Ela é as Três Senhoras do Destino que são conhecidas como Moiras as Três Faces do destino na Tradição Grega, Ela é as Três Norns na Tradição Nórdica e também as Três Parcas da Tradição Romana, Ela é a Deusa do Destino. Ela é as Três em Uma, e Uma em Três.


As Tr~es Fiandeiras do Destino.
As Tr~es Fiandeiras do Destino.

A Deusa é a Senhora da Noite, da inspiração poética, da verdade velada e do desafio iniciatico. Ela é a Mãe do Sangue-bruxo como a Linhagem Mágica que nasceu do seu sangue espiritual divino. Ela é a Senhora da Morte e do Destino e também a Senhora do Caldeirão onde tudo é dissolvido e renascido.


Ela é o Princípio Ancestral anterior às religiões, anterior à dualidade. É tanto a Donzela que guia o buscador com uma luz distante quanto a Velha que o esmaga com provações. Seu reino é o Silêncio, a Encruzilhada, a Lua crescente em meio à escuridão. E, acima de tudo, Ela é o Destino que nos chama, através de sonhos, intuições, encontros estranhos e chamadas inexplicáveis.

 

A Deusa é a inteligência viva da terra, a tecedeira dos vínculos entre os mundos, à iniciadora que conduz o praticante pelo Caminho da Serpente, um caminho de transformação radical e crua. A Deusa é a própria alma da bruxaria, não uma entidade que se adora, mas uma Presença com quem se colabora com quem se dança o feitiço se negocia a sabedoria e se caminha nas noites de alma.

 

Ela é Mãe, sim, mas não no sentido manso e moderno: é a Mãe que desafia que exige que cobrasse um preço por cada passo em direção à sabedoria. Ela é a Floresta em Ti, a raiz dos teus feitiços, a guardiã dos espelhos negros. Ela sussurra em línguas antigas e se manifesta nos corpos e gestos dos animais, das sombras, das estrelas. Para se encontrar com Ela, é preciso caminhar além das fronteiras da mente comum, entrar no Silêncio Feérico, fazer pacto com o espírito-companheiro, e beber do vinho que mata e renasce — o Vinho do Graal da Terra Viva.

 


Deusa-Bruxa
Deusa-Bruxa

Ela é o Rosto Invisível, o Sorriso nas Sombras, e aqueles que a buscam devem antes se despir de seus egos, de suas ilusões e de suas vaidades. A iniciação sob sua tutela é sempre uma descida ao poço, um confronto com o próprio reflexo escuro antes de se beber da verdadeira sabedoria.


Ela é a Serpente que ensina a Estrela que guia, e muita vez aparece nas práticas como a Mulher de Branco, a Anciã do Bosque, ou a Senhora das Águas Profundas. Sua sabedoria é passada em visões, em sonhos, em presságios e na comunhão com os espíritos familiares.


É ela quem oferece o Fio da Tradição, o sangue invisível que conecta os vivos aos mortos, os humanos às fadas, os iniciados aos Antigos. Na roda do ano, Ela se mostra como a Noiva da Primavera, a Mãe do Verão, a Ceifeira do Outono e a Senhora do Silêncio Inverno — mas sempre a mesma, sob véus diferentes. Entrar em contato com ela pode-se fazer isso através do Silêncio, do Contemplatio, da Caminhada no Escuro, da Trança das Sombras, do Rito da Tumba Silenciosa, ou do contato com o Familiar — práticas desenvolvidas pelos praticantes antigos como caminhos de aproximação ao Espírito da Deusa e do Outro Mundo.


Ela está presente no círculo traçado com intenção, no sopro da serpente invisível, no canto das pedras, e no sangue que pulsa com a memória dos Antigos. Em ritos, Ela é chamada com cânticos, oferendas, palavras do coração e com a presença verdadeira do praticante — pois Ela reconhece os seus.




"Eu sou Morven, a Noite que caminha com pés descalços sobre os ossos do mundo.

Nasci do suspiro da terra quando ela ainda era jovem, e meu nome é murmurado por corujas e raízes.

Sou a Senhora das Estações que morrem, a que recolhe o último calor do Sol e o guarda no ventre escuro.

No silêncio, eu ensino; na queda, eu curo.

Minhas mãos moldam o barro dos teus medos e o transformam em amuletos vivos.

Não sou tua mãe doce — sou tua mãe verdadeira, aquela que exige, mas também revela.

Venho nas visões, nos espelhos enevoados, na febre dos sonhos.

Quando tua alma sangra, sou eu quem recolhe cada gota para semear tua próxima colheita.

Minha morada é a caverna e o caldeirão, a cruz de galhos na floresta esquecida.

Sou serpente que muda de pele, sou estrela que arde em silêncio.

Me busca nas encruzilhadas, mas não esperes respostas fáceis — ofereço apenas verdade.

Caminha comigo e conhecerás o nome antigo da tua alma.

Me honra não com palavras, mas com teu passo firme no escuro.

Pois todo aquele que ousa descer ao meu reino... renasce enfeitiçado.

Eu sou Morvenna — Senhora do Véu, Tecelã da Noite e Fome do Mistério."

CAIN MIREEN



Ilustração do Pinterest.
Ilustração do Pinterest.


Ó Deusa das Sombras Antigas,Senhora do Caldeirão e do Templo Escondido,eu te chamo sob o véu da noite!

Tu que caminhas entre os mundos,com olhos que veem o invisível,e mãos que moldam o destino,vem, Deusa Bruxa,acende a centelha da Arte em meu sangue!

Sussurra-me os feitiços esquecidos,ensina-me os passos da dança silente,guia-me pelo caminho tortuoso onde a verdade arde e a alma floresce.

Com tua coroa de ossos e estrelas,com tua serpente sagrada e teu fogo sutil,entra em meu círculo, habita meu espírito,e desperta em mim o sábio adormecido!

Em teu nome, eu vejo.Em teu nome, eu ouso.Em teu nome, eu sou.

Assim seja, Senhora da Noite Eterna.




Fontes.

A Witch’s Bible" – Janet e Stewart Farrar

The White Goddess" – Robert Graves

The Witching Way of the Hollow Hill" – Robin Artisson

"Treading the Mill" – Nigel Pearson

 "Witchcraft and the Shamanic Journey" – Kenneth Johnson

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